14 de maio de 2013

As escolhas de Felipão



Ainda durante a convocação do técnico Luiz Felipe Scolari, nas redes sociais já pipocavam críticas às escolhas do comandante. Das mais óbvias, contestando a ausência de Ronaldinho e, em menor escala, de Kaká, até as pouco prováveis, como as ausências de Ramires e Pato, ou a presença de Luiz Gustavo. Preferências à parte, o que Felipão evidenciou é que a Copa das Confederações será o grande laboratório de seu trabalho e, por este motivo, a competição perfeita para fazer apostas até certo ponto ousadas. "Fazer experiências contra equipe com o peso de Espanha, Itália ou Uruguai?", podem questionar os críticos. Para uma Seleção que não disputa Eliminatórias e vê a Copa do Mundo bater à porta, é a única possibilidade de construirmos um esboço de time para a competição principal, em 2014.


Primeiro é preciso afirmar que Scolari não será demitido seja qual for o resultado da competição. Salve uma eliminação na primeira fase, o treinador não convive com uma sombra capaz de fazê-lo balançar no cargo. Considerando o pragmatismo da CBF, sua maior ameaça está no mesmo barco: Parreira. E não me venham com esse papo de Tite, pois estamos falando de uma confederação que faz a dança das cadeiras há décadas! Se Zagallo já não tem condições físicas de comandar a Seleção e Parreira é o coordenador do projeto, não dá para imaginar uma atitude ousada de Marin e Del Nero, sucessores confessos da escola Ricardo Teixeira.


Thiago Silva será a voz de Felipão dentro do campo
Considerando esses fatores, temos que louvar as escolhas do Felipão. Elas apontam para algo que Mano tentou e que todo o povo brasileiro sempre pediu: renovação. Ronaldinho e Kaká não precisam de testes ou experiência com a camisa da Seleção, algo que fará muito bem a jovens talentos como Oscar, Lucas, Fernando, e até mesmo jogadores com certa idade mas sem relação com a Seleção, casos de Hernanes e Jadson. A presença de Bernard é uma tacada certeira que pode, inclusive, mudar a escalação titular. Lucas, que não teve a oportunidade de jogar com o técnico é outro que vai mexer com o time, deixando nossa Seleção com uma velocidade ausente há tempos. Se algum dos ausentes realmente poderia integrar o grupo este jogador é Ramires. Rápido, técnico, bom marcador. Pelo que se lê na imprensa, perdeu a vaga por um vacilo em sua última convocação, quando se apresentou com médicos do Chelsea alegando estar contundido. Erro fatal para quem conhece Felipão.


Neymar e Lucas são esperança de muita movimentação ofensiva
Também não sou fã do Hulk, mas ele justificou sua presença na lista todas as vezes que foi chamado. É trombador e pode ser útil em situações emergenciais. Entre Damião e Pato, venceu a disputa quem é titular absoluto no seu clube, mesmo com forte concorrência. Se Pato tem esquentado o banco para Emerson, Guerrero e até Romarinho, Damião jamais foi reserva mesmo disputando com Forlán, Rafael Moura e outros bons atacantes colorados. Para os críticos da convocação de Júlio César, acho a presença dele importante para um grupo jovem e um time em formação. Porém, considero Jefferson um dos mais injustiçados jogadores da atual Seleção. Além de ser o goleiro com maior número de convocações após a Copa de 2010, mantem há três anos uma regularidade impressionante para quem atua em uma equipe com tantas oscilações como o Botafogo.
Fred é o homem-gol da Seleção de Scolari
Por fim, deixo duas escalações para a Copa: a minha e a que acredito que Felipão vai montar.

Seleção de Felipão:
4-4-2
Julio Cesar, Daniel Alves, Thiago Silva, Dante e Marcelo; David Luiz, Paulinho, Lucas e Oscar; Neymar e Fred.

Seleção Ideal:
4-2-3-1
Jefferson, Daniel Alves, Thiago Silva, David Luiz e Marcelo; Paulinho, Hernanes, Lucas, Oscar e Neymar; Fred.

E pra você, qual a melhor formação para a Seleção?












8 de maio de 2013

Campeão incontestável

Jefferson ergue a taça de Campeão Carioca 2013

O Botafogo venceu o Fluminense por 1 a 0 no último domingo, faturou a Taça Rio e, de quebra, levou o Campeonato Carioca sem a necessidade dos dois jogos finais. Nenhuma novidade se levarmos em consideração que o próprio alvinegro conseguiu tal feito em 2010, ano da famosa cavadinha de Loco Abreu. O que chama a atenção são as reclamações dos adversários, principalmente vascaínos e rubro-negros, que tentam a todo custo diminuir a conquista da equipe comandada por Oswaldo Oliveira. Alguns fatos devem ser considerados:

- Pergunte a um flamenguista qual o gol mais marcante em sua vida. Noves fora os torcedores da Era Zico, a maioria esmagadora responderá o gol de Petkovic, contra o Vasco, já nos acréscimos.

- Pergunte a um tricolor qual o gol que não lhe sai da memória. A resposta, não importa a idade do torcedor, será o gol de barriga de Renato, no fim do Fla-Flu de 95.

- Faça o mesmo a um vascaíno e a resposta, talvez com um pouco mais de esforço, será do gol de Cocada, em 88.

Em todos os casos, e inclua nessa lista a resposta do torcedor botafoguense que, em alguns casos citaria o gol de Maurício em 89, em outros a cavadinha de Loco Abreu, os gols aconteceram no campeonato estadual. Ora, se estamos falando de um campeonato sem importância, por que esses lances povoam a memória e o coração de tantos torcedores? Por que fazem parte da história dos quatro grande clubes e, sem dúvidas, do futebol brasileiro?

É óbvio que o Campeonato Carioca deste ano viveu grandes turbulências. Se o futebol carioca já sofria com a falta do Maracanã, o repentino fechamento do Engenhão foi a pá de cal na possibilidade do torcedor que mora no Rio de Janeiro assistir aos jogos do seu time sem o deslocamento para Volta Redonda ou Macaé. Mas não me venham com essa conversa fiada de que o "nível técnico é baixo" ou "os times pequenos são horríveis", pois essa parte não diz respeito somente à edição deste ano. E mais: só um carioca pode usar a desculpa da Libertadores, pois Vasco e Flamengo jogavam todas as suas fichas no estadual! Fracassaram. Sem desculpas ou falsas justificativas.

Em campo, tirando o bom começo rubro-negro, que chegou a despontar como possível postulante ao título, o que se viu foi o Botafogo sobrando. E, se os times pequenos são fracos, o que dizer do Flamengo derrotado para o Resende. Ou do Vasco, que acumulou quatro derrotas na Taça Rio?

O Fluminense sofreu com o martírio de conciliar duas competições importantes, viagens desgastantes e um elenco cujos principais nomes atravessam péssimos momentos físicos. Em determinado momento do campeonato, o tricolor chegou a ter Deco, Fred e Thiago Neves entregues ao departamento médico. Aliás, pouco se fala na imprensa sobre o envelhecimento do elenco tricolor. Talvez uma eliminação contra o Emelec abra as portas das Laranjeiras para que os questionamentos apareçam e criem um clima desfavorável na equipe de Abel.
Atuações de Seedorf ganharam repercussão mundial

Em campo, o Botafogo não quis saber dos problemas de seus rivais. Teve 80% de aproveitamento, alcançando 11 vitórias, 3 empates e somente uma derrota nos 15 jogos disputados. De quebra teve o melhor ataque, com 37 gols, e a defesa menos vazada, com 10 gols sofridos. Isso sem falar das atuações individuais. Seedorf, Lodeiro e Fellype Gabriel jogaram tanta bola que são favoritos ao prêmio de "Craque do Campeonato". Jefferson fez um campeonato impecável e, para muitos, carimbou o passaporte para a Copa das Confederações com a Seleção Brasileira. Aliás, Júlio César já teve sua chance e deixou escapar, como a bola alçada por Sneijder. Cavalieri, que após sair do Palmeiras perambulou sem sucesso na Europa, foi reserva de Berna até se firmar no Fluminense, não está no mesmo nível de Jefferson.

No fim, a conclusão que fica é que não importa se o Campeonato Carioca é desorganizado ou desvalorizado. Sempre será assim para quem perde. Quando se ganha, a torcida toma as ruas, faz piada com os rivais e bate no peito para dizer que seu time é o melhor do estado. E, no caso do Botafogo de Seedorf, essa afirmação é indiscutível...

Perseguido pela torcida, Rafael Marques fez o gol do título