10 de julho de 2014

A volta dos que não foram?

Foto: Org Stringer/EFE
O maior vexame da história da seleção mais vitoriosa de todos os tempos, a brasileira, pode não representar qualquer mudança, como era esperado. Ao menos no comando. Se o mundo inteiro dá como sepultado o futebol pentacampeão, a CBF faz vista grossa e já ensaia a manutenção de Luiz Felipe Scolari e sua comissão técnica. A informação é do comentarista Paulo Vinícius Coelho, que fez o comunicado durante o Bate-Bola 2ª edição desta quinta-feira, 10. 

Se for confirmada, a não demissão de Felipão e sua comissão técnica apenas ratificará a inércia e o descaso com o que um dia já foi nosso maior patrimônio: a Seleção Brasileira. É impossível cogitar a continuidade de um trabalho que culminou na vergonhosa goleada alemã, que só não fez mais porque "tirou o pé", como afirmaram os jogadores para quem quisesse ouvir.
Jogadores observam a bola no fundo da rede. Cena repetida sete vezes. (Foto: Ceará Agora)
Felipão e Parreira já estão na história do futebol brasileiro, seja para o bem ou para o mal. Conquistaram uma Copa cada (2002 e 1994, respectivamente) e fracassaram em outra oportunidade (2014 e 2006, respectivamente). Que lidem com a glória e o escárnio que fizeram por merecer. 

Confesso que quando li os nomes cogitados para assumir o desafio de reformular nossa seleção não me animei. Em um momento onde todos clamam por renovação, Muricy Ramalho, Tite e, pasmem, Vanderlei Luxemburgo, vão em direção completamente oposta. O primeiro já disse em entrevistas que pretende se aposentar em breve. Tite, com toda a grife adquirida com o título mundial do Corinthians, é um dos maiores retranqueiros do futebol brasileiro. Luxemburgo... bem, há quantos anos não faz um bom trabalho? Cogitaram também Alexandre Gallo, que trabalha com as seleções de base, mas, francamente, o que ele fez para merecer o cargo?

O fracasso do "Projeto Hexa", se é que podemos acreditar que algo nessa preparação foi planejado, expôs o que muitos insistem em rejeitar: nossos técnicos estão muito abaixo dos estrangeiros. Não falo somente dos europeus. Quantos argentinos, chilenos e até colombianos treinam equipes e seleções estrangeiras? A final da Champions League teve um técnico argentino (Diego Simeone), os dois primeiros colocados na Liga Espanhola foram comandados por argentinos (mais uma vez Simeone com o surpreendente Atlético de Madri e Tatá Martino, com o Barcelona), o campeão inglês é comandado pelo chileno Manuel Pellegrini, José Pekerman comandou a seleção colombiana com bravura, e o que dizer de Jorge Luis Pinto, o colombiano que fez a Costa Rica existir no mapa do futebol mundial?

O ponto-chave desta discussão é um só: chegou a hora de apostarmos em um técnico estrangeiro. Ora, se o que nos falta é padrão tático, controle emocional e planejamento, por que não importar esses atributos? Já imaginou nosso talento somado ao conhecimento tático de um José Mourinho?

Mourinho com William e Oscar no Chelsea. (Foto: Sky Sports)
Idioma não seria problema. O português marrento é um grande conhecedor do nosso futebol, declarou torcida para nossa seleção na Copa e já trabalhou com muitos jogadores dessa geração. Isso pode fazer a diferença. Não pensem que o time será todo modificado, pois a espinha dorsal da Copa de 2018 está aí. David Luiz, Paulinho, Oscar e Neymar estarão lá. Some a isso alguns talentos esquecidos pela atual comissão, como o ótimo Philippe Coutinho (Liverpool) ou o rápido Lucas (PSG), e temos aí o desafio do nosso próximo comandante: encontrar goleiro, laterais e, principalmente, um centroavante.

"Mas ele é um grande retranqueiro", dirão os críticos.  Mas é um vencedor. Conquistou títulos por todos os clubes pelos quais passou. Muda o esquema de acordo com o adversário, ao invés de "já saber as substituições que serão feitas no jogo de amanhã", como disse Felipão durante a Copa. Se já sabe o que fazer na véspera da partida, onde está a leitura do jogo? Pra que serve o técnico?

Eu apostaria no Mourinho, mas outras opções devem ser consideradas. Guardiola é constantemente cogitado, apesar de que o fracasso da seleção espanhola na Copa evidenciou o esgotamento do tick-tacka. E você, em quem depositaria a confiança para trazer de volta o melhor do futebol brasileiro?