Foto: Org Stringer/EFE |
O maior vexame da história da seleção mais vitoriosa de todos os tempos,
a brasileira, pode não representar qualquer mudança, como era esperado. Ao
menos no comando. Se o mundo inteiro dá como sepultado o futebol pentacampeão,
a CBF faz vista grossa e já ensaia a manutenção de Luiz Felipe Scolari e sua
comissão técnica. A informação é do comentarista Paulo Vinícius Coelho, que fez
o comunicado durante o Bate-Bola 2ª edição desta quinta-feira, 10.
Se for confirmada, a não demissão de Felipão e sua comissão técnica
apenas ratificará a inércia e o descaso com o que um dia já foi nosso maior
patrimônio: a Seleção Brasileira. É impossível cogitar a continuidade de um
trabalho que culminou na vergonhosa goleada alemã, que só não fez mais porque
"tirou o pé", como afirmaram os jogadores para quem quisesse ouvir.
Jogadores observam a bola no fundo da rede. Cena repetida sete vezes. (Foto: Ceará Agora) |
Felipão e Parreira já estão na história do futebol brasileiro, seja para o bem ou para o mal. Conquistaram uma Copa cada (2002 e 1994, respectivamente) e fracassaram em outra oportunidade (2014 e 2006, respectivamente). Que lidem com a glória e o escárnio que fizeram por merecer.
Confesso que quando li os nomes cogitados para assumir o desafio de
reformular nossa seleção não me animei. Em um momento onde todos clamam
por renovação, Muricy Ramalho, Tite e, pasmem, Vanderlei Luxemburgo, vão em
direção completamente oposta. O primeiro já disse em entrevistas que pretende
se aposentar em breve. Tite, com toda a grife adquirida com o título mundial do
Corinthians, é um dos maiores retranqueiros do futebol brasileiro.
Luxemburgo... bem, há quantos anos não faz um bom trabalho? Cogitaram também Alexandre Gallo, que trabalha com as seleções de base, mas, francamente, o que ele fez para merecer o cargo?
O fracasso do "Projeto Hexa", se é que podemos acreditar que
algo nessa preparação foi planejado, expôs o que muitos insistem em rejeitar:
nossos técnicos estão muito abaixo dos estrangeiros. Não falo somente dos
europeus. Quantos argentinos, chilenos e até colombianos treinam equipes e
seleções estrangeiras? A final da Champions League teve um técnico argentino (Diego Simeone), os dois primeiros colocados na Liga Espanhola foram comandados por argentinos (mais uma vez Simeone com o surpreendente Atlético de Madri e Tatá Martino, com o Barcelona), o campeão inglês é comandado pelo chileno Manuel Pellegrini, José Pekerman comandou a seleção colombiana com bravura, e
o que dizer de Jorge Luis Pinto, o colombiano que fez a Costa Rica existir no
mapa do futebol mundial?
O ponto-chave desta discussão é um só: chegou a hora de apostarmos em um
técnico estrangeiro. Ora, se o que nos falta
é padrão tático, controle emocional e planejamento, por que não importar esses
atributos? Já imaginou nosso talento somado ao conhecimento tático de um José
Mourinho?
Mourinho com William e Oscar no Chelsea. (Foto: Sky Sports) |
Idioma não seria problema. O português marrento é um grande conhecedor
do nosso futebol, declarou torcida para nossa seleção na Copa e já trabalhou
com muitos jogadores dessa geração. Isso pode fazer a diferença. Não pensem que o time será todo modificado, pois a espinha dorsal da Copa de 2018 está aí. David Luiz, Paulinho, Oscar e Neymar estarão lá. Some a isso alguns talentos esquecidos pela atual comissão, como o ótimo Philippe Coutinho (Liverpool) ou o rápido Lucas (PSG), e temos aí o desafio do nosso próximo comandante: encontrar goleiro, laterais e, principalmente, um centroavante.
"Mas ele
é um grande retranqueiro", dirão os críticos. Mas é um vencedor.
Conquistou títulos por todos os clubes pelos quais passou. Muda o esquema de
acordo com o adversário, ao invés de "já saber as substituições que serão
feitas no jogo de amanhã", como disse Felipão durante a Copa. Se já sabe o
que fazer na véspera da partida, onde está a leitura do jogo? Pra que serve o
técnico?
Eu apostaria no Mourinho, mas outras opções devem ser consideradas. Guardiola é constantemente cogitado, apesar de que o fracasso da seleção espanhola na Copa evidenciou o esgotamento do tick-tacka. E você, em quem depositaria a confiança para trazer de volta o melhor do futebol brasileiro?
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