16 de dezembro de 2008

Remixagem e Remasterização em debate



Existem alguns álbuns que marcam a carreira de um artista. Aqueles que com o passar do tempo, ao invés de serem esquecidos tornam-se ainda mais cultuados. Tal fascinação por estes trabalhos quase sempre desperta nas gravadoras uma tentação que divide opiniões: relançar a obra, dessa vez com o que de melhor existe em possibilidades de som, em dois processos chamados de remixagem e rematerização.

O que para os mais céticos pode parecer uma coisa simples (relançar um álbum dos anos 70 nos dias atuais, por exemplo), para alguns profisionais de áudio é quase um crime. Os argumentos são os mais diversos. "Alteram a essência do trabalho" e "modificam a energia captada em estúdio" estão entre os mais comuns.
É óbvio que um trabalho de remasterização mexe com o som original. Mas afinal, não é esse o objetivo?
Um dos casos mais simbólicos de como pode ser polêmico um álbum remasterizado é o de Jimmy Hendrix. No final dos anos 90 uma equipe de engenheiros de som topou o desafio de remasterizar alguns álbuns do lendário guitarrista. Are You Experienced (1967), Axis: Bold As Love (1968), Electric Ladyland (1968) e First Rays of the new rising sun, disco que o guitarrista trabalhava antes de morrer em 1970, aos 27 anos, foram os escolhidos.

O resultado, aos ouvidos dos fãs, foi bem satisfatório. Vendeu bem e cumpriu a importante função de apresentar com grande qualidade de áudio, a genialidade de Hendrix para uma geração que dificilmente se interessaria pelas antigas gravações. Porém engenheiros de som do mundo inteiro se revoltaram. Acusaram os envolvidos no projeto de estarem apenas atrás da promoção e do dinheiro que qualquer trabalho que envolva um nome como o de Jimmy Hendrix traria.

Durante as remasterizações, o ex-engenheiro de Hendrix, Eddie Kramer, que também participou do processo, disse em entrevista à revista GuitarPlayer: “é como se um véu fosse levantado”.
Eu concordo com essa afirmação mas me pergunto: qual é o problema disto? O que há de errado em "levantar o véu" e ouvir, da melhor maneira possível, o trabalho de um artista?
O pior é que aparecem pessoas querendo comparar. Qual é melhor, o original, lançado em 1967, ou o remasterizado, lançado às portas do ano 2000?
Francamente...


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